Caixa de texto: Departamento de Saúde Comunitária

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    Os acidentes por transportes terrestres tornaram-se causa importante de traumatismos, principalmente após o desenvolvimento industrial do Século XX, devido ao aumento da frota de veículos em detrimento da malha viária, o cumprimento das normas de trânsito e o comportamento inadequado dos condutores (REIS 2007). problemática dos acidentes de trânsito é pautada em alta complexidade pois devemos trabalhar com o aspecto multifatorial de sua gênese, onde suas causas podem está relacionadas ao veículo, condutor e via pública (BIOSCI, 2009).De acordo com Classificação Internacional da Doenças em sua 10ª revisão, as lesões relacionadas com o trânsito correspondem ao termo acidentes de transporte terrestre. Estes representam um alto custo para a sociedade (OMS, 2003). Segundo a Organização Mundial da Saúde cerca de 1,2 milhão de pessoas perdem a vida anualmente em decorrência dessas causas e um número bem maior de internações, atendimentos em serviços de emergência e seqüelas físicas e psicológicas é registrado.Segundo a Organização Panamericana de Saúde (OPAS), os acidentes por transportes terrestres são os principais responsáveis por lesões não intencionais decorrentes de causas externas nas Américas, apresentando uma alta mortalidade estimada em 20,8/100.000 hab. (OPAS, 2007)Vários fatores têm colaborado para o aumento da morbimortalidade por trauma. O processo de urbanização acelerado e desordenado das grandes cidades têm contribuído consideravelmente para o aumento da violência interpessoal (MINAYO , 1994). No tocante ao acidente de trânsito podemos citar como fatores colaborativos o aumento da frota de veículos automotores, sobretudo motocicletas, e a desobediência às leis de trânsito como determinantes para o aumento no adoecimento e morte por trauma em nosso país (MINAYO, 2009b).Vale ressaltar que o comportamento no trânsito sofre grande influência de valores e modos de vida dos indivíduos, passando por fatores sócio-culturais que podem ser evidenciados por exemplo, pela resistência ao uso dos equipamentos de segurança (capacete, cinto de segurança), necessitando de legislação e fiscalização específica quando seu uso deveria ser voluntário como necessidade de proteção (SILVA & MELLO JORGE, 2007) .A morbimortalidade por trauma no mundo acompanha a formação de grandes centros urbanos e dentre os principais responsáveis pela maior ocorrência de acidentes por transportes terrestres estão o desenvolvimento tecnológico, tornando os carros mais possantes e preços mais acessível causando a sua disseminação ( REIS, 2007a).A Organização Mundial da Saúde sugere quatro ações para controle dos problemas relacionados ao consumo de álcool e direção: redução do limite de alcoolemia permitida para dirigir, suspensão administrativa da licença dos motoristas intoxicados, fiscalização com bafômetros e graduação do licenciamento para motoristas novatos (OMS, 2003b). O trânsito no Brasil é considerado um dos mais perigosos do mundo e os acidentes ocorrem principalmente em torno das atividades de trabalho e lazer (REIS etal, 2007b).No Brasil através de alterações realizadas no código Brasileiro de trânsito, representada pelo seu artigo 165 que considera como infração gravíssima dirigir alcoolizado com níveis de álcool superiores a 0,06 g/dl de sangue. O condutor está sujeito à multa, suspensão do direito de dirigir, retenção do veículo até a apresentação de outro condutor habilitado e recolhimento da sua habilitação (BRASIL, 2008c). Em estudo realizado em 2005 no Distrito federal com vitimas fatais de acidentes com transportes terrestres foi encontrada alcoolemia positiva em 84,6% dos condutores dos veículos, o que confirma a relação perigosa entre beber e dirigir (MODELLI, 2008).A impunidade pelas infrações de trânsito contribui para o elevado índice de acidentes. Melione (2004) estudando os acidentes por transportes terrestres no Brasil no período de 1997 à 2001 evidenciou uma tendência à queda na morbimortalidade por essa causa em decorrência, além de outros fatores, da implantação do novo Código de Trânsito Brasileiro ( CTB), recrudescendo a partir do último ano de estudo.Minayo (2009) aponta como importante fator de redução na mortalidade por acidentes com transportes terrestres o novo Código Brasileiro de Trânsito (CBT), apresentando tendência decrescente no período de 1998 à 2003 porém apresentando novamente tendência de crescimento. A mesma autora destaca a população jovem como a mais vulnerável embora nos últimos anos haja um incremento de mortes na população idosa que pode ser atribuído aos atropelamentos e quedas em vias públicas, bem como quedas de veículos de uso coletivo.Os acidentes com transportes terrestres ocupam no Brasil o segundo lugar em freqüência de causas externas. A mortalidade por esta causa tem apresentado em nosso pais tendência crescente, oscilando no período de 1994 a 2004 entre 16,1 e 18,9/100.000 hab (DATASUS). Vários fatores podem estar associados aos acidentes de trânsito como condições climáticas, problemas mecânicos e falhas humanas. Estudos realizados no Brasil apontam a imprudência do condutor como responsável por 70% dos casos e o uso de álcool é considerado um fator de risco de grande importância para este desfecho (REIS et al, 2007c).Soares & Barros (2006) estudando os acidentes de transporte em Maringá-PR, encontraram um risco médio de internação de 19,4/100 vítimas, identificando como categorias de maior risco de internação: vítimas pedestres, ciclistas e motociclista, com idade acima de 50 anos; vitimadas em colisão com transporte pesado ou ônibus; em acidentes ocorridos de madrugada e de tarde em algumas regiões da cidade e sendo o condutor do veiculo residente no próprio município.Melione & Mello Jorge (2008) em estudo realizado sobre a morbidade hospitalar por causas externas na cidade de São José dos Campos/SP, encontraram uma razão de masculinidade de 4,2:1 em vítimas de acidentes de transporte, demonstrando uma incidência bem maior de casos no sexo masculino. Ao estudar a relação entre sexos de acordo com os tipos de acidente os autores encontraram que nos casos que envolviam motocicletas a razão subiu de 11,3:1 e quando se trata de acidentes envolvendo automóveis esta razão cai para 1,9:1. Embora a razão de masculinidade apresente variações o sexo masculino está considerado mais exposto com relação aos acidentes de transporte.Malvestio & Sousa (2008) realizaram em São Paulo um estudo sobre sobrevida em vítimas de acidentes de transporte. Os resultados apontaram que os pacientes com traumas em tórax e abdome e que apresentaram flutuações de sinais vitais em ambiente pré-hospitalar apresentam menor chance de sobrevida.Já no Estado do Ceará esta categoria apresenta a principal causa de morte por causas externas, estimada em 21,79 óbitos por 100.000 hab em 2005. ( DATASUS, 2009). Esta taxa de mortalidade está influenciada pelo aumento significativo da frota de veículos automotores no Estado, sobretudo motocicletas, onde os veículos por tração animal estão sendo aos poucos substituídos por motocicletas. Segundo dados do Departamento de trânsito do Ceará ( DETRAN/CE) a frota de veículos no Estado aumentou em torno de 104,22% no período de 1980 à 2008, o que representa um aumento também crescente dos expostos aos acidentes por transportes terrestres. Ainda segundo o DETRAN-CE no ano de 2008 11,18% dos acidentes que ocorreram no Estado foram, com predominância de acidentes de motocicletas tanto nos casos fatais como nos não-fatais. Com relação ao sexo, 75% foram do sexo masculino, jovens, com 66% dos casos ocorrendo entre 10 e 59 anos, quando analisado os casos fatais 75% estão nesta faixa etária.No ano de 2008 a taxa de acidente de transporte por 100.000 hab no Estado do Ceará foi de 241/100.000. A taxa de mortalidade por acidentes de transporte no mesmo ano foi de 16,61/100.000 hab, assim como a taxa de feridos foi de 132,3/100.000 hab. Com relação aos dados até maio de 2009 têm se observado uma redução no número de acidentes e óbitos. Outro dado importante é um número maior de acidentes fatais no interior do Estado. (DETRAN-CE, 2009).

Acidentes por transportes Terrestres

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